silêncio. o meu copo vazio, mais uma vez. ainda não paraste de falar. da oferta de emprego imperdível que te leva todos dias a fazer e a ser uma coisa que não és. mas és bom nisso. do carro incrível que acabaste de comprar. da viagem não sei onde em que pouco saíste do magnífico resort. estranhas o meu silêncio e pela primeira vez reparas que há mais alguém na mesa para além do teu ego insuflado. perguntas como estou. bem - digo. óptima - penso. continuo a saber quem sou, ainda não me perdi pelo caminho como aconteceu contigo. quase pareces feliz nesse castelo que construíste, mas és traído pela urgência com que precisas de enaltecer tudo o que tens, como se fosse isso o teu valor. comentas que seria a mulher mais feliz do mundo se tivesse continuado contigo, se não fosse a minha mania de viver apaixonada. sorrio, sem responder. permanecer assim significava que a minha alma se tinha perdido algures pelo caminho. podia explicar-te como devem ser os sentimentos a conduzir os acontecimentos e não o contrário, mas não irias (querer) perceber. há muito que deixaste de olhar para dentro. eu nunca vou deixar de o fazer. dizes-me que posso perpetuar o meu lirismo e nunca vir a alcançar os meus sonhos. sim, mas os sonhos fazem sentido mesmo que nunca os atinja, porque continuam a indicar-me o caminho, porque são o que me torna EU. mas não respondo, mais uma vez, continuo apenas com o sorriso, cada vez mais aberto. porque percebo que continuo a viver, enquanto tu vais vivendo. recordo alguém que disse "o que se viveu foi o que se sentiu". não...era ao contrário! não tem importância, assim também faz todo o sentido…
31 agosto, 2005
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